terça-feira, 26 de novembro de 2013

A pior injustiça contra criança é abalar seu psicológico, apenas por vaidade e por questões valorativas... vendo a cena da novela me dei conta de quantos pais se separam e deixam o psicológico de uma criança muito abalado, isso é uma verdadeira injustiça. E isso tudo apenas por questões de valores, questões de fidelidade. Será que vale a pena brincar e jogar com o psicológico de uma criança, apenas por que o companheiro feriu o código de ética de "fidelidade", uma vez que cérebro da criança ainda encontra-se em formação, será que vale apena?

Mas a questão é, esses abalos psíquicos podem desencadear inúmeros problemas no futuro dessa criança, e tudo por culpa da vaidade e da fidelidade que foi ferida no casal...!

Aqui fica meu pensamento a questão do divorcio, e a questão da criança nessa encruzilhada...!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Luzes na cidade,
Na monótona cidade.
Cidade em que você vive,
Cidade de rostos e mais rostos, 
A passarem pela janela do coletivo.
Rostos que não são o seu, doce mulher.

Fim da tempestade lá fora,
E eu aqui viajando nos rostos,
Viajando nas mentes alheias a minha,
Perdendo-me no pensamento que leva a ti, minha musa.

Luzes dessa cidade,
A cidade de minha mente,
Cujo, os rostos são...
Os rostos que vejo dia a pós dia nesse psicodélico mundo.

Luzes na cidade,
Coração solar,
Eu e minha pequena,
Minha pequena flor,
Flor que nasce na aurora de minha mente,
Mente que não mente as verdades que recito.

Autor: Kaype Luigi
         (Pekay Gilui)
Trouxe vinho e rosa,
Brindamos nossas dores,
Brindamos nosso amor, doce poetisa.

Venha minha pequena flor,
Acalme-se, não me machuque com seus espinhos,
Deixe-me sentir sua fragrância,
Isso me entorpeça,
Vicie-me doce criança.

Brindamos a gloria de estarmos juntos,
Bridamos nosso amor assim complexo,
Desde 1400 e tal.

Autor: Kaype Luigi
           (Pekay Gilui)
20 passos, apenas isso que me separa entre o que jugariam de loucura.
Estou aqui. A exatos 20 passos,
Se me perguntares se temo a loucura.

Direi que não,
A questão de ser louco eu domino muito bem.
Pouco importa minha lucidez perante um mundo que teme a loucura.

Talvez eles não temam a loucura de fato, 
E sim a lucidez,
Pois de louco, o mundo já conseguiu essa façanha.

A sociedade teme a lucidez,
Lucidez chamada loucura,
Pois aos olhos de um poeta que exalta a loucura,
A loucura propriamente dita é a lucidez do nosso mundo.

Ser louco é a cura para lucidez que os sãos vivem,
Lucidez é a loucura, e ser louco é lucidez,
A lucidez de uma alma assim simples e interrogativa sempre,
Perdida no universo gramatical,
Conferindo léxicos desse mundo.

Autor: Kaype Luigi 
         (Pekay Gilui)

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

De hoje em diante declaro-te 
Musa.
Sim, simplesmente musa,
A musa de meus versos,
A musa do conjunto de coisas ou fatos que me fazem formar léxicos.

O mundo anda tão complicado,
Seria uma pena se cada poeta ou cada ser humano não tivesse uma musa,
Para dedicar tudo aquilo que existe de belo em nós.

Sim o belo e sua simplicidade,
Pois o belo aos olhos de quem sabe ver o que é belo,
Torna-se simples.

Amo os pensamentos que surgem no meio da madruga,
Pensamentos complexos,
Pensamentos simples,
Pensamentos assim,

Que de uma forma ou de outra me transportam a pensar em você,
Por isso, você será minha eterna musa,
A musa de minha mente,
Que não mente as verdades poéticas que recito sobre vós.

Autor: Kaype Luigi
         (Pekay Gilui)

Todas as noites,
Assim, com a lua enfeitando o céu,
E as estrelas.

Antes de o dia terminar estarei aqui,
Sempre envolvido pela mágica de cada noite.

Logrando da companhia de meus versos,
Versos solitários,

Versos bobos.

Estarei aqui preenchendo as entrelinhas,
Para que você as decifre,
E entenda meu martírio.

O Martírio em que me enlouqueço,
Noite a noite,
Viajo na linha entre o que seria de loucura e lucidez,
Minha “loucocidez”,
O qual anseio que entendas doce musa de meus versos.

Autor: Kaype Luigi
          (Pekay Gilui)


quarta-feira, 9 de outubro de 2013




Elegância, princesa.
Qualquer uma queria estar em seu lugar,
Sou seu guardião de fogo,
Sou seu modesto príncipe.

Nosso amor, realeza final,
Minha linda princesa,
Nosso amor sempre o mesmo,
Assim fofo,
Lindo, reciproco.

Venha cá deitar na grama,
Vamos conferir as estrelas do céu,
Vamos ser um para outro,
Assim amor poético.

Hoje tem mesa grande,
Preparei bom jantar,
Tudo o que a minha alteza gosta,
Venha cá,

Esse é nosso castelo real,
O castelo no qual nosso amor se sustenta,
Vamos ser dois loucos apaixonados no conto de fadas,
No mundo de Alice,
Assim, com nosso amor sempre igual desde 1400 e tal.

Autor: Kaype Luigi
          (Pekay Gilui)
Vamos deixar a tristeza no canto,
Vamos pintar a tela do amor,
Assim tipo eu e você.

Deixe suas decepções de lado,
Prometo-te deixar confortável nesse amor.

Vou criar um lugar escondido para fazer meu recital,
Quando o carnaval passar,
Estarei aqui feito pierrô,
Logrando do amor que foi me dado.

Vamos sair pelas ruas, feito insanos,
Vamos colocar chapéu de burro na cabeça do rei,
Vamos sentar nos bares,
Vamos beber esse amor,
Amor poético,
Amor que anseio em beber.

Vamos dançar qualquer coisa,
Pois qualquer coisa é melhor que a tristeza,
Vamos pitar nosso nariz,
Vamos ser feliz,
Nessa completude sem fim!

Autor: Kaype Luigi
           (Pekay Gilui)




A vida é curta de mais para não oferecermos a coisa que há de mais belo em nós para quem gostamos. Em mim há poesia, a ti dou-lhe meus versos, amadores mais com carinho... 


Jurei para mim mesmo que não era para você,
Mas não consegui conter-me,
Jurei que não falaria disso,
Mas você encanta-me.

As 10 pintas de seu rosto são como um poema,
Cada uma, uma estrofe,
Há quem não consiga decifrar as entre linhas de uma obra de arte,
Os códigos para seu coração,
Ou como diria “eu” o código para seu cérebro.

A flor tão pequenina de um jardim,
Enche de frutos a literatura, 
Como uma macieira,
Flor tão delicada mais com espinhos em seu caule,
Flor cujo nome...
Amanda!

Autor: Kaype Luigi 
            (Pekay Gilui)

sábado, 5 de outubro de 2013



De uma conversa nasce versos


Eu gosto de sentimentos confusos.
É legal vendo de fora né?
Deixa eu te ajudar a desfazer essa confusão?
Ou pelo menos tentar desfazer.

Não era verbo, mas agora é,
Não era verso, mas agora é,
Não era poesia mas agora foi.

Autor: Kaype Luigi e trecho da Taiana Amanda
         (Pekay Gilui)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013


O libido segue os caminhos das necessidades narcísicas, 
Somos todos narcisistas, 
O fato de querermos alguém do nosso lado, 
É apenas para satisfazer nossos desejos narcísicos, 
No fundo de tudo nós amamos a nós mesmos e não a alguém em especial, 
Somos egoístas até na questão do "amar"!


Autor: Kaype Luigi 
          (Pekay Gilui)
Eu sou a cura!
Eu, na condição de ser humano tenho a cura para minhas neuroses e qualquer problema da minha mente e do meu corpo,
Uma vez que a mente faz parte do corpo,

O corpo é a cura para o corpo.

Autor: Kaype Luigi 
          (Pekay Gilui)
Todos nós somos crianças por dentro, isso se chama neurose infantil.

Autor: Kaype Luigi 
          (Pekay Gilui)

domingo, 29 de setembro de 2013



ELE anda cansado das baladas e dos casos furtivos sem sentimentos. Aprendeu a gostar da própria companhia, sem precisar estar em uma turma de amigos todos os sábados. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que traga um sabor doce às suas manhãs, que seja a melhor companhia para olhar a lua. Que ele possa exibir os seus dons na cozinha e o seu conhecimento em vinhos, só para ela.
Quer uma mulher que ele reconheça pelo cheiro dos cabelos, pelo toque dos dedos, pela gargalhada que vai ecoar pela casa transformando um domingo sem graça, no melhor dia da semana. Quer viver uma paixão tranquila e turbulenta de desejos… quer ter para quem voltar depois de estar com os amigos, sem precisar ficar “caçando” companhias vazias e encontros efêmeros. Quer deitar no tapete da sala e ficar observando enquanto ela, de short jeans, camiseta e um rabo de cavalo, lê um livro no sofá, quer deitar na cama desejando que ela saia do banho com uma lingerie de tirar o fôlego.
Quer brincar de guerra de travesseiros, até que o perdedor vá até a cozinha pegar água. Quer o poder que nenhum dos seus super heróis da infância tiveram… o poder de amar sem medo, sem perigo e sem ir embora no dia seguinte.
Quer provar que pode fazer essa mulher feliz!

ELA quase deixou de acreditar que seria possível ter vontade de se envolver novamente. Foram tantas dores, finais, recomeços e frustrações que pensou em seguir sozinha para não mais se machucar. Então percebeu que a vida de solteira já não está fazendo tanto sentido. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que possa acordá-la com um abraço que fará o seu dia feliz, quer um homem que ela possa cuidar e amar sem receios de que está sendo enganada. Quer a alegria dos finais de semana juntinhos, as expectativas dos planos construídos, o grito de “gol” estremecendo a casa quando o time dele estiver ganhando… a cumplicidade em dividir os segredos.
Quer observá-lo sem camisa, lendo o jornal na varanda… quer reclamar da bagunça no banheiro, rindo e gritando quando ele revidar puxando-a para o chuveiro, completamente vestida.
Quer a certeza de abrir a porta de casa e saber que mesmo ele não estando, chegará a qualquer momento trazendo o brigadeiro da doceria que ela gosta tanto. Quer beijar, cheirar, morder, beliscar e apertar para ter certeza que a felicidade está ali mesmo… materializada nele.
Quer provar que pode fazer esse homem feliz!

ELES estão por aí… sonhando um com o outro… talvez ainda nem se conheçam… mas é só uma questão de tempo, até o destino unir essas vidas que se complementam e estão ávidas para amar e fazer o outro feliz.
Ou alguém duvida que o universo traz aquilo que desejamos?

quarta-feira, 25 de setembro de 2013


A mulher?

Bom, simplesmente o livro mais complexo que gosto de ler,
Gosto de folhear,
Sentir a textura do corpo.

Mulher o livro mais perfeito que Deus escreveu.
O livro escrito em Braille,
Que gosto de decifrar,

Mulher, que produz léxicos que decifro, 
Envolve-me em seu corpo,
Fico completamente envolvido na leitura de seu corpo.

Mulher, a tese mais bem elaborada,
O principio da vida e da morte,
Mulher, o conjunto de textos,
Que nem todos conseguem interpretar,
Mulher o livro perfeito do qual não me canso de ler.

Autor: Kaype Luigi
             (Pekay Gilui)

terça-feira, 24 de setembro de 2013



O que é ser poeta?

Alguns me perguntam.

Repondo com plena convicção:
Ser poeta é você saber sentir,
O simples sentimentalismo das coisas,
Animadas ou inanimadas.

Ser poeta é, ter a percepção.
Ser poeta é saber viajar na psicologia, na filosofia,
E manter-se na literatura e ser filho da Língua Portuguesa
Ser poeta é simplesmente saber fazer arte da parte que nos completa,
Nesse universo gramatical,
Nesse rio de léxicos que brotam a todo momento.

Autor: Kaype Luigi 
            (Pekay Gilui)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013


Se você deseja emagrecer você sabe o que fazer. Se deseja diminuir o estresse na sua vida também sabe o que poderia melhorar para ter uma vida mais tranquila. A partir daí 2 perguntas se impõem: Por que não consigo mudar sozinho? O que preciso fazer para conseguir mudar? Certamente você conhece alguém que parou de fumar sem médico, sem psicólogo e sem remédio. E também deve conhecer alguém que emagreceu "sozinho" só "fechando a boca" sem ajuda de ninguém. Estas pessoas são a minoria esmagadora e por incrível que pareça, o exemplo delas atrapalha mais do que ajuda a maioria, que pensa que também vai conseguir e acabam se julgando incapazes, fracas quando não conseguem. Entretanto mesmo as pessoas que procuram ajuda especializada nem sempre conseguem mudar no que querem. Por quê? Há uma série de explicações mas a principal é que um comportamento disfuncional está sempre associado a uma série de outros hábitos. Por exemplo: Emagrecer está associado ao que você compra e tem na sua casa, ao tempo que você investe em organizar suas refeições e levar coisas de casa para comer na rua e até mesmo a pesquisa de receitas gostosas com poucas calorias, além de muitos outros como fazer exercícios físicos. Este ultimo também exige outras mudanças como por exemplo levar a roupa de ginástica para o trabalho, chegar em casa e não ir pro sofá etc ... Ou seja: Mudar geralmente provem de uma cadeia de mudanças e estas estão atreladas a sentimentos, sensações, crenças, grau de cansaço e estresse, autocrítica, confiança, estima, motivação, anseios e um infinito de fatores. Portanto: Como mudar então? Ter uma outra pessoa prestando supervisão constante e permanente de suas etapas de mudança é um aspecto de suma importância. É isto o que fazem diversos tipos de organizações e iniciativas como a igreja, os grupos de auto ajuda, um coaching e principalmente um psicólogo psicoterapeuta. Mudar sozinho é para poucos. Muito poucos. O segundo passo é a persistência, mas principalmente no seguinte sentido: Se não estiver funcionando mude a estratégia, reveja o planejamento, mas não desista ou desanime. Não conseguir um objetivo só representa a necessidade de tentar de outro jeito.

Dr. Paulo André Issa
médico psiquiatra - escritor independente

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A lua me lembra dos olhos daquela donzela na beira do mar,
Donzela que me enfeitiçou,
Embriagou-me com seu amor e no dia seguinte,
Deixou-me,
Levou a lua em seus olhos...

Autor: Kaype Luigi

          (Pekay Gilui)
Viajo a todo o momento na esfera lunar,
Danço,
Faço festa,
Pois é quando posso vê-la,
Nas noites de lua cheia.

Nas noites que ela se mostra para mim,
Com sua curva sem fim,
Mostra sua fertilidade,
Mostra-me sua magnitude,
Mostre-se para mim doce lua cheia.

Autor: Kaype Luigi

          (Pekay Gilui)
A melhor noite?
É quando posso apreciar e namorar a deusa lua,
As melhores noites,
São as de lua cheia.
A lua cheia é o namoro do sol com a lua,
 O sol fecunda com seus raios o ventre da deusa lua,
E ela reflete a luz desse amor,
A luz da paixão lunar.

Autor: Kaype Luigi
          (Pekay Gilui) 

domingo, 15 de setembro de 2013


O sol nasce silencioso,
Nasce, ofuscando em meus olhos,
Queimando minha pele,
Secando minhas lagrimas da noite anterior,
E morre silenciosamente ditoso no seio da terra,
Trazendo lagrimas para meus olhos novamente,
E me deixando na companhia da lua crescente de seu sorriso,
E nas duas estrelas de seus olhos.

Autor: Kaype Luigi 
(Pekay Gilui)

sábado, 14 de setembro de 2013


Pra começar vamos colorir,
Sim, colorir nosso arco íris, 
Com os matizes do amor.

Vamos pegue a aquarela do seu coração,
Pinte o nosso amor,
Pinte essa estrofe.

Vamos fazer arte,
Fazer arte assim,
Do nosso amor,
Do nosso ardor,
Do nosso sabor.

Vamos ser assim dois artistas apaixonados,
Artistas que se lambuzam,
Das cores da paixão,
Que abusam do colorido da aquarela.

Autor: Kaype Luigi
           (Pekay Gilui)
Ela pedia para que eu recitasse versos em seus ouvidos,
Recitasse como uma sintaxe que ganha sentindo.

Ela clamava por versos,
Pois parecia que os mesmos a acariciavam,
Como um toque de uma pluma em seu rosto.

Meus versos excitavam-lhe,
Como um louco de prazeres,
Sedento por amor,

Recitei versos em seus ouvidos,
Toquei-a com meus dedos,
Senti sua pulsação,
E gozei da gloria estar junto dela.

Autor: Kaype Luigi
         (Pekay Gilui)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Se te queres matar

Se te queres matar, porque não te queres matar? 
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida, 
Se ousasse matar-me, também me mataria... 
Ah, se ousares, ousa! 
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas 
A que chamamos o mundo? 
A cinematografia das horas representadas 
Por atores de convenções e poses determinadas, 
O circo policromo do nosso dinamismo sem fim? 
De que te serve o teu mundo interior que desconheces? 
Talvez, matando-te, o conheças finalmente... 
Talvez, acabando, comeces... 
E de qualquer forma, se te cansa seres, 
Ah, cansa-te nobremente, 
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira, 
Não saúdes como eu a morte em literatura!

Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente! 
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém... 
Sem ti correrá tudo sem ti. 
Talvez seja pior para outros existires que matares-te... 
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...

A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado 
De que te chorem? 
Descansa: pouco te chorarão... 
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco, 
Quando não são de coisas nossas, 
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte, 
Porque é a coisa depois da qual nada acontece aos outros...

Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda 
Do mistério e da falta da tua vida falada... 
Depois o horror do caixão visível e material, 
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali. 
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas, 
Lamentando a pena de teres morrido, 
E tu mera causa ocasional daquela carpidação, 
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas... 
Muito mais morto aqui que calculas, 
Mesmo que estejas muito mais vivo além...

Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova, 
E depois o princípio da morte da tua memória. 
Há primeiro em todos um alívio 
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido... 
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente, 
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...

Depois, lentamente esqueceste. 
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente: 
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste; 
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada. 
Duas vezes no ano pensam em ti. 
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram, 
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.

Encara-te a frio, e encara a frio o que somos... 
Se queres matar-te, mata-te... 
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!... 
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?

Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera 
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor? 
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida? 
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem. 
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?

És importante para ti, porque é a ti que te sentes. 
És tudo para ti, porque para ti és o universo, 
E o próprio universo e os outros 
Satélites da tua subjetividade objectiva. 
És importante para ti porque só tu és importante para ti. 
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?

Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido? 
Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces, 
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?

Tens, como Falta, o amor gorduroso da vida? 
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente: 
Torna-te parte carnal da terra e das coisas! 
Dispersa-te, sistema físico-químico 
De células noturnamente conscientes 
Pela noturna consciência da inconsciência dos corpos, 
Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências, 
Pela relva e a erva da proliferação dos seres, 
Pela névoa atômica das coisas, 
Pelas paredes turbilhonantes 
Do vácuo dinâmico do mundo...

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Esta Velha Angustia

Esta velha angústia, 
Esta angústia que trago há séculos em mim, 
Transbordou da vasilha, 
Em lágrimas, em grandes imaginações, 
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror, 
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum. 
Transbordou. 
Mal sei como conduzir-me na vida 
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma! 
Se ao menos endoidecesse deveras! 
Mas não: é este estar entre, 
Este quase, 
Este poder ser que..., 
Isto. 

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém, 
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio. 
Estou doido a frio, 
Estou lúcido e louco, 
Estou alheio a tudo e igual a todos: 
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura 
Porque não são sonhos. 
Estou assim... 

Pobre velha casa da minha infância perdida! 
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto! 
Que é do teu menino? Está maluco. 
Que é de quem dormia sossegado sob o teu teto provinciano? 
Está maluco. 
Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou. 

Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer! 
Por exemplo, por aquele manipanso 
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África. 
Era feiíssimo, era grotesco, 
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê. 
Se eu pudesse crer num manipanso qualquer — 
Júpiter, Jeová, a Humanidade — 
Qualquer serviria, 
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo? 

Estala, coração de vidro pintado!

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Bem no fundo

    no fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
    a gente gostaria
de ver nosso problemas
    resolvidos por decreto

    a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
    é considerada nula
e sobre ela -- silêncio perpétuo

    extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
    lá pra trás nã há nada,
e nada mais

    mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
    e aos domingos saem todos passear
o problema, sua senhora
    e outros pequenos probleminhas.

 Paulo Leminski

Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

 Augusto dos Anjos