segunda-feira, 14 de novembro de 2011

OS PRECONCEITOS DOS FILÓSOFOS

O amor pela verdade que nos conduzirá a muitas perigosas
aventuras, essa famosíssima veracidade de que todos os
filósofos sempre falaram respeitosamente — quantos
problemas já nos colocou! E problemas singulares, malignos,
ambíguos! Apesar da velhice da estória, parece que acaba de
acontecer. Se acabássemos, por esgotamento, sendo
desconfiados e impacientes, que haveria de estranho? É
estranhável que essa esfinge nos tenha levado a nos formular
toda uma série de perguntas? Quem afinal vem aqui interrogarnos?
Que parte de nós tende "para a verdade?" Detivemo-nos
ante o problema da origem dessa vontade, para ficar em
suspenso diante de outro problema ainda mais importante?
Interrogamo-nos sobre o valor dessa vontade. Pode ser que
desejamos a verdade, mas por que afastar o não verdadeiro ou a
incerteza e até a ignorância? Foi a problema da validade do
verdadeiro que se colocou frente a nós ou fomos nós que o
procuramos? Quem é Édipo aqui? e quem é a Esfinge?
Encontramo-nos frente a uma encruzilhada de questões e
problemas. E parece, afinal de contas, que não foram colocados
até agora, que fomos os primeiros a percebê-los, que nos
atrevemos a confrontá-los, já que implicam um risco, talvez a
maior dos riscos.

FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE - ALÉM DO BEM E DO MAL

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