quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A psicologia faz fronteira, de um lado, com a neurologia - e aí se desenvolve a chamada neurociência - e, de outro, com a filosofia - e esta fica bem perto da poesia. Os poetas tratam, de forma livre e extravagante, de todas as questões relativas à nossa existência. Respeitam apenas suas próprias normas estéticas; não é raro que também transgridam. Não precisam ordenar suas observações nem devem se preocupar com isso, pois esse é o trabalho dos filósofos. Estes chegam mais tarde e tratam de construir sistemas.
Utilizam como matéria-prima para suas elaborações justamente aquelas maravilhas que os poetas foram lançados a esmo.
Aí chegam os cientistas e se apropriam desse material precioso para dar a ele serventia. Os resultados obtidos com as estratégias elaboradas a partir das doutrinas que construíram irão confirmar ou infirmar as suposições que, um dia, emanou da mente do poeta - e que foram modificadas e eventualmente deformadas ao longo do caminho. Assim se construiu o fundamento da “ciência da alma”, sendo a psicanálise sua expressão maior e tendo Freud como o personagem central.
Nem todos têm a ousadia e a coragem dos poetas. Felizmente podemos usufruir o que produzem.


Flávio Gikovate

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